08 mar Dia Internacional das Mulheres – Conquistas e benefícios da valorização feminina nas empresas
O dia 8 de março representa muita coisa para as mulheres, mas representa principalmente a constante luta das mulheres para conquistar seu espaço no mundo.
Desde o início do século XX, as mulheres batalhavam para encontrar seu espaço em um cenário ocupado majoritariamente por homens. E foi nesse contexto que o dia 8 de março foi adotado para ser o Dia Internacional das Mulheres.
100 anos após a manifestação que instituiu essa data na história, as mulheres continuam lutando para garantir seus direitos e para reduzir a desigualdade relacionada ao gênero, principalmente quando falamos sobre mercado de trabalho.
Em 2017, a Organização Mundial do Trabalho (OIT) divulgou o estudo Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo – Tendências para Mulheres 2017, que analisava a lacuna entre homens e mulheres no mercado de trabalho, quais os impactos disso e como as mudanças nesse cenário traria benefícios para empresas e para a economia mundial.
Essa lacuna, chamada de “gender gap”, é um dos principais obstáculos e desafios que o mundo corporativo enfrenta atualmente e que causa um grande impacto na economia. Segundo o estudo da OIT, as mulheres participam menos do mercado de trabalho do que os homens e aquelas que participam, tem maiores dificuldades para encontrar emprego. Aquelas que possuem emprego, ainda sofrem com diversas desigualdades, que iremos abordar ao longo do texto.
A OIT constatou que em 2017, a participação feminina no mercado de trabalho do mundo todo girou em torno de 49%, quase 30% a menos que a participação masculina, que é de 76%. Em 2014, os líderes dos 20 países mais ricos do mundo, o G-20, se reuniram e se comprometeram a reduzir até 2025, 25% dessas taxas de participação entre homens e mulheres no mercado de trabalho. Mas quais seriam os benefícios dessa diminuição?
Segundo o relatório da OIT, se conseguíssemos alcançar esse objetivo, o PIB mundial aumentaria em torno de 5,8 trilhões de dólares (3,9%), isso sem falar no aumento que geraria de impostos, um ganho de quase 1,5 trilhão de dólares. Só no Brasil, esse aumento seria de 382 bilhões de reais e os impostos teriam um acréscimo de 131 bilhões. Os países que mais veriam diferença são aqueles que a lacuna é mais evidente, como o norte da África, os países árabes e o sul da Ásia. Já os desenvolvidos, com lacuna mais reduzida, países da América do Norte e da Europa, veriam um aumento menor, mas ainda significativo, ainda mais considerando o período de crise econômica que o mundo se encontra.
Essa lacuna também é presenciada quando o assunto é desemprego. No mundo, a taxa de mulheres desempregadas é de 6,2%, já a dos homens é de 5,5%. No Brasil, de acordo com a última pesquisa divulgada pelo IBGE, o índice de desemprego é de 12,2%, mas para as mulheres essa taxa é maior, 13,4% contra 10,5% dos homens.
Valorização da mulher
Além da riqueza que traria para a economia, a presença de mais mulheres no mercado de trabalho e, consequentemente, de mais mulheres em cargos de gestão também teria um forte efeito na cultura das empresas.
De acordo com diversas pesquisas científicas, a valorização da mulher gera para as empresas muito mais que uma simples melhoria na imagem da instituição. Além de cumprir seu papel social, a empresa também ganha em inovação, respeito e ética. Segundo esses estudos, as mulheres sofrem punições mais rigorosas que os homens quando infringem alguma regra da empresa, portanto, por serem mais cobradas para manter uma postura ética, elas acabam se comportando mais dessa forma.
A questão da inovação e criatividade também é simples de entender. Pessoas diferentes, de realidades e rotinas diferentes, conseguem entender empiricamente que cada grupo de indivíduo possui diferentes necessidades e preferências, conseguindo, assim, criar produtos e serviços que sejam úteis e agradem esses diferentes grupos.
O respeito vem da empatia. Quando um ambiente reúne pessoas de diferentes gêneros, raças e orientações sexuais, as chances de existir um ambiente mais harmônico e empático são maiores. Isso porque o local fica mais cooperativo, mais acolhedor, diminui-se os conflitos e a rotatividade de pessoas, a equipe se sente mais interessada e mais estimulada, melhorando os índices de produtividade. Ganha os empregados, ganha os empregadores e ganha a empresa.
Mudanças nas empresas
Para que essa mudança aconteça, não basta só contratarmos mais mulheres e pensar que naturalmente as coisas se ajeitam. As empresas devem garantir que mais mulheres capacitadas sejam contratadas, e mais: que elas estejam confortáveis no ambiente laboral, usando a plenitude de sua capacidade intelectual, sem que sejam diminuídas ou subjugadas, sem que ocorra discriminação, assédios físicos ou morais. É preciso garantir que mais mulheres capacitadas sejam contratadas e garantir mais ainda que elas estejam confortáveis no ambiente laboral, usando 100% da sua capacidade intelectual sem se sentirem diminuídas por quaisquer motivos que seja, sem que se sinta discriminada e sem que sofra assédios físicos e/ou morais.
A ONU Mulheres divulgou uma cartilha no último ano com o intuito de estabelecer diretrizes para as empresas que vêm buscando preencher essas lacunas, criando soluções para reduzir essas desigualdades ao mesmo tempo em que buscam qualificar a inclusão.
A cartilha sugere algumas medidas e etapas para que a implantação dessa diversidade e igualdade seja efetiva. É preciso que a empresa, primeiramente, avalie a sua situação atual de igualdade de gênero e reconhecer os motivos que a levaram a esse estado e, por fim, criar políticas e práticas que promova e acelere a criação e a manutenção de um ambiente não-discriminatório.
Nas duas primeiras fases, é preciso entender se essas lacunas de oportunidades estão relacionadas à atração, à retenção ou ao desenvolvimento de profissionais. Já a última precisa ser mais agressiva, atingindo os problemas específicos identificados nas fases anteriores e criar ações como o recrutamento de mais mulheres para os cargos, plano de flexibilização de modelo de trabalho, suporte ao cuidado com a família, sistema de avaliação de desempenho e medidas que coíbam o assédio sexual e moral.
A questão do assédio é uma das mais importantes para a manutenção das mulheres no ambiente de trabalho e que merece atenção especial da empresa. Segundo a pesquisa da ONG Think Olga, 33% das mulheres ouvidas relataram já terem sido vítimas de assédio no trabalho. Desse número, 21% disseram que o assédio vinha de um colega, 14% disseram que eram assediadas por clientes e 13% disseram que quem as assediava era o superior. Assim, não basta incluir mulheres no quadro de funcionários da empresa, é preciso que haja medidas definitivas para que o assédio seja coibido e repreendido com vigor.
Mudança Cultural
As diversas mudanças necessárias levantadas ao longo do texto possuem um grande obstáculo pela frente: a questão cultural. O relatório da OIT aponta que 20% dos homens e 14% das mulheres acham que não é aceitável que mulheres trabalhem fora de casa.
Essas crenças são alimentadas pela conformidade do papel de gênero que ainda está enraizado na sociedade. Acreditar que mulheres não podem trabalhar fora de casa, que possuem a obrigação de cuidar dos filhos e gerenciar a casa, que focar na carreira ao invés de querer filhos é errado, todos esses pensamentos são resultados de uma cultura que colocam as mulheres como a dona do lar e os homens como os provedores do lar.
Essa cultura vem sendo cultivada há anos e agora finalmente começa a ver sinais de desmoronamento. Já passou da hora de enterrarmos essas crenças e assumir que a presença de mais mulheres no mercado de trabalho gera mais vantagens, melhorias e benefícios à sociedade que o contrário. Para que haja essa mudança de cultura, precisamos incentivar cada vez mais a presença de mulheres nas empresas, fortalecer os caminhos para essa mudança e mostrar para as mulheres mais jovens que elas podem e devem aspirar cargos, profissões e carreiras, independente de quais sejam, só assim conseguiremos construir um futuro mais brilhante para todos os gêneros, raças e orientações sexuais.
A EPSSO se orgulha das mulheres que trabalham conosco e parabenizamos todas as mulheres nesse Dia Internacional da Mulher, torcendo para que cada vez mais conquistas sejam alcançadas no futuro.
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