11 jan Saúde do Trabalho x Saúde Ocupacional: Qual a diferença e por que são tão importantes?
Quando o assunto é saúde, diversos fatores são levados em consideração para determinar qual doença ou qual problema a pessoa está enfrentando. Um dos fatores que precisam ser considerados é a função/trabalho que a pessoa desenvolve no dia a dia. É aí que a relação entre saúde do trabalho e saúde ocupacional entra em jogo. Por que elas são importantes, quais suas diferenças, quais são seus benefícios e por que é tão importante unir as duas?
Saúde do Trabalho é um campo dentro da medicina que visa à integridade física e mental e o bem-estar do trabalhador, buscando compreender a relação entre produção, trabalho e saúde. Assim, tem como objetivo principal proteger o funcionário contra qualquer tipo de riscos que possa estar exposto, tanto físico, biológico, mental ou ergonômico, seja por conta do seu espaço de trabalho ou por causa das funções que exerce.
O conceito de saúde do trabalho teve início no século XIX, após a primeira revolução industrial na Inglaterra. Com o início de uma produção acelerada e que exigia horas de trabalho exaustivo de uma mão de obra com condições de vida precária, os trabalhadores passaram a ter problemas de saúde, que além de prejudicar a sociedade como um todo, também prejudicava a produção dos empresários. Foi então que os donos de fábrica e o governo notaram a necessidade de envolver a comunidade médica no processo. Assim, teve início a Saúde do Trabalho.
Já o conceito de Saúde Ocupacional surgiu mais de um século mais tarde. No pós-guerra, quando a produção industrial voltou a se intensificar, novos produtos químicos e novos tipos de processos industriais também passaram a ser utilizados, elevando riscos e doenças para aqueles expostos a eles. Foi então que notaram que apenas o tratamento das doenças derivadas do trabalho não era suficiente para a vida do trabalhador e nem para a empresa. Surge então a Saúde Ocupacional, que tem como objetivo principal, a intervenção no ambiente de trabalho e na cultura empresarial. A partir de então, torna-se imprescindível à presença de profissionais multidisciplinares especializados no controle de riscos de segurança e de saúde no local de trabalho, além de cursos, palestras e seminários que auxiliem os próprios funcionários a cuidar, prevenir e alertar qualquer risco a saúde do trabalhador.
Ao longo dos anos, esses conceitos foram sendo atualizados e aprimorados para que se adequassem aos novos postos de trabalho e funções que foram surgindo nos últimos 60 anos. Lembremos que a participação da indústria na economia brasileira e mundial foi dando lugar à prestação de serviços. Atualmente, a Saúde do Trabalho e a Saúde Ocupacional são inseparáveis e complementares. Muitos especialistas da área falam do termo “Qualidade de Vida do Trabalhador”, que envolve o conceito de preservação da saúde dentro e fora de seu trabalho.
A prevenção de doenças e acidentes acontece de diferentes formas, como por exemplo, as atividades terapêuticas preparatórias, compensatórias e de relaxamento (alongamento, ioga, ginástica laboral, fisioterapia de forma geral), a disponibilidade de equipes médicas, com médicos, enfermeiros e psicólogos na empresa para eventuais consultas ou necessidades; o estudo cada vez mais aprofundado do ambiente de trabalho e adoção de medidas de controle dos riscos. Isso sem falar nos exames admissionais, periódicos, demissionais e de retorno ou mudança de função, como forma de monitoramento dos impactos do ambiente de trabalho na saúde de cada trabalhador.
Ao mesmo tempo em que a Saúde Ocupacional se preocupa com o pré e o durante, a Saúde do Trabalhador está presente para certificar que o funcionário que, por algum motivo se adoeceu ou se machucou durante a função de trabalho, receba o tratamento adequado e todas as garantias para que volte a trabalhar em perfeitas condições físicas e mentais.
Os benefícios são óbvios. Garantir que a integridade física e mental do funcionário será mantida, faz com o funcionário fique motivado a trabalhar, sendo capaz de exercer sua função com todo seu potencial, aumentando, assim, sua produtividade. Para se ter uma ideia do ganho, segundo a OMS, a cada dólar que a empresa investe em cuidados a saúde do trabalhador, ele terá um retorno de 4 dólares em termos de melhora de produtividade. Fica claro que o cuidado com a saúde do trabalhador é algo benéfico não só para ele, mas também para o empregador.
Funcionários saudáveis garantem uma maior produtividade e lucratividade de suas empresas. Mas não é só isso. Funcionários saudáveis garantem principalmente ganho para a sociedade ao qual pertencem, por ser uma parte integrante dela. Por trás de cada trabalhador, existe um ser humano e cidadão, que demandará de recursos desta mesma sociedade para viver e exercer o seu papel social.
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