08 jun Depressão Ocupacional: o que é e como combater;
Não é novidade que os transtornos psicológicos são o mal do século, mas quando o problema é proveniente do ambiente de trabalho o assunto passa a ser não só um problema para quem enfrenta, mas também para toda a empresa. O fato é que o cuidado com os funcionários e a preocupação genuína com eles deve vir de dentro do ambiente de trabalho e empresas que fecham os olhos para este problema podem ser impactadas não só nos resultados, mas também sofrer processos ligados a este tipo de distúrbio.
Segundo a revista Época, em 2016 mais de 75 mil empregados foram afastados do trabalho por causa da depressão ou outros transtornos emocionais com direito a auxílio-doença, representando 37,8% de todos os casos de afastamento no ano motivados por doenças ocupacionais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que até 2020 a depressão será a doença mais incapacitante do mundo, e cerca de 30% da população sofre ou já sofreu com esta doença.
Agora, imagine 30% da população incapacitada de exercer suas atividades, sejam elas pessoais ou ocupacionais, por causa de um transtorno que muita gente ainda não leva a sério? Neste artigo vamos explicar um pouco sobre o conceito de depressão ocupacional, o cenário atual no Brasil e de que forma evitar esta doença crônica associada ao trabalho.
O Que é Depressão Ocupacional
Doenças ocupacionais são todas aquelas que têm uma ou mais causas provenientes das atividades desempenhadas pelo trabalhador e às condições de trabalho às quais ele está submetido.
A depressão é um dos problemas de saúde que mais afetam a população mundial atual e segundo a OMS, é a quinta maior questão de saúde pública do mundo. Ela se inicia através de um desgaste físico ou emocional que altera o estado de humor de um indivíduo, afetando seu comportamento e pensamentos. Existem muitos fatores que podem contribuir para ela, porém, o ambiente de trabalho tem sido apontado como um dos mais determinantes devido ao tempo e energia que são gastos pelos indivíduos nele.
Ritmo acelerado, pressão, exigências, chefes abusivos, volume de trabalho excessivo e assédio moral são apenas alguns dos fatores que podem contribuir para distúrbios como a depressão, que é uma doença crônica que pode trazer problemas sérios para o profissional, como o esgotamento e até a incapacidade em longo prazo.
O Ambiente de Trabalho
O ambiente de trabalho se caracteriza como o conjunto de condições existente no local onde o trabalhador exerce as suas atividades (Nascimento, 1999), e nele estão inclusos todos os fatores que interferem no bem ou mal estar do indivíduo. Nisto, estão inclusos todos os processos envolvidos na jornada de trabalho, como a organização da empresa, cultura do ambiente, critérios de remuneração, equipamentos utilizados, meios de prevenção à fadiga, condições de salubridades e medidas de proteção à saúde dos trabalhadores.
Segundo a Legislação Brasileira (art. 3º, inciso I, da Lei nº. 6.938/81), é direito de todos conviver em um ambiente ecologicamente equilibrado e sadio, sendo de responsabilidade do Poder Público defendê-lo e preservá-lo. O mesmo se aplicado ao ambiente de trabalho e todo o conjunto de condições existentes nele que impactam a qualidade de vida do trabalhador, segundo o art. 200, VIII2, da CF/1988.
Cenário Atual
Em momentos de crise como o que o Brasil passa a competitividade e ritmo acelerado em busca de atingir metas quase impossíveis somados ao medo de perder o emprego e não conseguir atender os compromissos financeiros ou desconforto devido à estagnação da carreira acarretam em uma série de sentimentos negativos que se acumulados podem gerar esgotamento físico e emocional.
Além disso, as mudanças que a reforma traz às leis trabalhistas afetam diretamente os trabalhadores de todos os setores e os distancia muito da tão sonhada aposentadoria. A terceirização e privatização, por exemplo, dificultam que o trabalhador faça planos de carreira em longo prazo, deixando-o inseguro quanto ao futuro.
Outra questão que gera um desgaste são as inovações e constantes avanços tecnológicos que demandam constantes mudanças em processos que trazem desconforto ao trabalhador ou até a substituição do mesmo através da automação de alguns destes processos.
Como Evitar a Depressão Ocupacional
Como dissemos no começo do artigo a responsabilidade pela depressão quando ela é proveniente de fatores em que o trabalhador está exposto durante o exercício de sua ocupação também é do empregador, e por isto, é importante que as empresas se preocupem genuinamente com seus empregados, não só como instrumento para o lucro, mas como ser humano complexo que é, com emoções e expectativas.
Tendo isto em vista, é necessária uma aproximação e humanização da relação entre empregado e empregador, empregando uma política de “portas abertas” para que o trabalhador se sinta valorizado e seguro em dividir suas questões. Além disso, reuniões periódicas de feedback são muito importantes para indicar o caminho que cada um deve seguir, dentro de suas habilidades particulares, além de auxiliar no crescimento da empresa como um todo.
A ginástica laboral é muito importante para fazer com que seus colaboradores saiam da rotina e se mexam (clique aqui para ler nosso artigo sobre Ginástica Laboral), e a preocupação com a ergonomia no ambiente de trabalho é outro fator que pode influenciar no rendimento e até na satisfação do trabalhador. Também é importante fazer ações de conscientização sobre doenças ocupacionais e saúde, e até oferecer acompanhamento psicológico caso haja necessidade.
Outra dica é criar atividades extracurriculares como grupos de cinema, diversidade, inovação ou até organização de eventos. Envolver os colaboradores em eventos, prêmios, bônus, ou até brindes, mas que lembrem o quanto são importantes para manter um negócio funcionando e são reconhecidos por isso também é importante, porém, sempre criando critérios abrangentes onde todos possam participar.
E se você é um funcionário que possui sintomas de depressão, não hesite em procurar ajuda dentro do trabalho.
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